Wednesday, November 3, 2010

Jokerman

Faz tempo que não posto, e muita coisa aconteceu.

Primeiro, a visita a Montreal. Encontrei a Má ainda no aeroporto e pegamos um taxi para o hotel. Depois de passar um bom tempo pondo o papo em dia, dormimos. Passamos o fim de semana inteiro lá, deu pra conheçer a cidade. Visitamos o oratório da congregação de Santa Cruz, a qual pertenciam os padres que fundaram o Colégio Santa Cruz. Demos também uma passeada pelo autódromo Gilles Villeneuve, e fizemos um tour pela Vila Olímpica. Adorei a cidade.

Semana seguinte passou rápida até 5a feira, quando chegaram os meus pais e o Andre. Fiz um tourzinho para eles pela pequena-grande Champaign, mostrando os prédios onde estudo, e a região onde ficam as casas de fraternidade, um marco das universidades americanas (aparentemente essa universidade possui o maior “Sistema Grego” dos EUA). Após o jantar, como já de tradição, fui no Murphy's para a thirsty thursdays, e mostrei pro Andre o que temos para se fazer por aqui. Sexta o Arthur chegou e fizemos outro tour rápido pela cidade.

De noite teve o show do Bob Dylan. O que foi no mínimo peculiar. Todos sabem que nunca fui o maior fã dele. Mas ainda sim é uma oportunidade que não se pode perder. Pena que a voz dele já esteja completamente acabada. Ainda assim acho que ele é a única pessoa no mundo que é ovacionada quando toca uma gaita. Impressionante a dimensão do ginásio, e a velocidade que dá pra sair de lá. Algo digno de um grande evento (o show foi no ginásio de basquete da universidade).

Sábado fomos pra Chicago passar o resto do fim de semana. Deu pra visitar bem a cidade, ver as casas do Frank Lloyd Wright, passear pela Michigan Avenue, e ver o Instituto de Arte de Chicago.

Voltei só na terça.

Esse fim de semana passado foi Halloween, e por aqui isso é um evento grande. Ainda mais numa cidade cheia de estudantes universitários. Arranjei uma fantasia genérica de monge o que foi providencial pois dava pra por uma roupa um pouco mais quente por baixo. Na noite de 6a fui numa festa com o alemão e uns outros moleques daqui, e acabamos não sei como indo parar numa festa de uma fraternidade oriental. Eu até achava que nas festas da Poli tinha muito japones. Aquilo é quase nada perto do que tinha na casa.

Domingo tiveram as eleições aí no Brasil. Não vou comentar sobre o resultado pois isso foge muito do escopo do blog. Apenas alguns comentários: Impressionante a movimentação que foi gerada nas mídias sociais. Infelizmente num sentido ruim, visto que essa participação foi marcada por muito intolerância por ambos os lados. E sinceramente, tanta a militância encheu o saco. Sobre o fato de as eleições serem num feriado, eu acho no mínimo bizarro. Não acho que isso tenha mudado de fato o resultado das eleições, sinceramente seria patético se tivesse. Para os que criticam falando que a resposta para a dúvida entre votar e viajar é trivial. Respondo que não faz o menor sentido essa dúvida.

A faculdade continua interessante, e puxada. Os projetos tão chegando na parte final, o que sempre é a parte mais puxada. Já estou procurando as matérias que vou fazer no semestre que vem. Ainda não defini a grade, até porque só posso me registrar pra elas a partir do dia 18. Aqui o sistema de prioridade para se inscrever é diferente do da USP. Os alunos com maior prioridade têm o acesso liberado antes. Os seniors já podem se inscrever, eu no estado de aluno internacional tenho que esperar. Quando fui pesquisar pra ver a lista de prioridade tive uma surpresa não tão surpreendente. No segundo posto mais alto da lista de prioridade, logo após os alunos bolsistas, estão os atletas. Não que isso me afete tanto assim, não imaginoque muitos destes atletas estejam interessados em matérias do 4o ano de Computação. Mas isso mostra o quão fiel é o retrato pintado por Tom Wolfe em “Eu Charlotte Simmons”. Como a caricatura do “estudante-atleta” realmente existe.

Aliás, recomendo a leitura. Um excelente livro, e que mostra muito fielmente o ambiente universitário americano. Com todos os estereótipos que de fato existem por aqui. Eu diria que junto com o Anos Incríveis é um dos melhores resumos da sociedade norte-americana.

Bom, agora vou dormir, que já está bem tarde.

Monday, October 11, 2010

Bare Necessities

Semana corrida, 3 provas. Além do já tradicional mini programa que tenho que entregar toda semana. Essa matéria de programação pura tem tomado bastante tempo, mas gosto dela mesmo assim, tou aprendendo muita coisa que vai ser útil.

Mas chega de aula, já tou gastando muito tempo com isso. Prefiro falar de um assunto que imagino que a vasta maioria dos intercambistas esbarra. Nutrição.

Confesso que estou me virando melhor na cozinha melhor do que eu imaginei. Tou comendo em casa quase todos os dias, e comendo relativamente bem. Relativamente pois obviamente o repertório é um pouco restrito quando comparado com o da casa dos pais. Ainda assim, tenho cozinhado bem o suficiente para me manter vivo e bem nutrido. Quanto ao sabor: admito que fazer algo que um marmanjo de 22 anos não consiga comer é um pouco difícil. Mas de modo geral a comida é gostosa. Logicamente está longe do padrão de excelência estabelecido ao longo da minha vida. Apenas digamos que o macarrão está longe do carbonara do Roma, e a carne está longe dos bifes da fazenda.


Hoje tiveram duas palestras bem interessantes no departamento de computação. A primeira do Stephen Wolfram, fundador da Wolfram, que criou ferramentas poderosíssimas como o Mathematica, e o Wolfram Alfa. A segunda foi organizada pelo grupo de criadores de jogos. Dois caras da Zynga foram dar uma mini palestra e colher currículos. Para os que não sabem, Zynga é a criadora de alguns daqueles jogos inúteis do facebook como Mafia Wars, e FarmVille. Aliás, um dos criadores do FarmVille é formado aqui em Champaign.

Esse fim de semana vou para Montreal, encontrar meus pais, o andre e a . Aproveitar para adicionar mais um país na lista de visitados, e finalmente completar a américa do norte.

Semana que vem tem show do Bob Dylan, e um mini tour pela universidade para meus pais e meus irmãos que estarão aqui.

Sunday, October 3, 2010

Sobre os ombros de gigantes

Mais duas semanas se passam. Já estou aqui há um mês e meio. É estranho pensar que tanto tempo já se passou. As primeiras provas já estão chegando, indicando que já tou perto da metade do meu primeiro semestre. Apesar de ficar um pouco surpreso, considero esta não percepção do tempouma coisa boa. Para mim não significa que estou deixando de aproveitar, e sim que estou tratando com naturalidade a minha estada aqui. Obviamente o fato de a língua não ser um empecilho me permite ultrapassar a primeira barreira cultural, e observar as camadas mais primordiais da cultura.
Por exemplo, ao longo desse mês de aula pude perceber uma certa tendência no método de ensino daqui. Não tenho certeza se é particularidade do meu curso, ou sé a norma geral do sistema. Sinto que as aulas daqui vão um pouco de mais para o lado técnico. Não é que a parte teórica não seja vista, a questão é na maneira como ela é vista. Sinto que alguns pontos são dados de maneira quase que mística. Quase como: Eis aqui a fórmula mágica que os gurus dessa área criaram, aprenda a usá-la. Não acho que devemos reinvetar a roda, muito pelo contrário. Citando Isaac Newton “Se eu pude ver mais longe, é porque me apoio sobre os ombros de gigantes”. No entanto eu tenho plena convição de que é preciso entender e dominar todo o processo do conhecimento do passado para saber para onde ir no futuro.
Acredito que, apesar de o meu curso ter sim grande influência técnica, isto seja o padrão de ensino daqui. Do modo que eu vejo isso reflete um dos pontos centrais da cultura norte-americana: a praticidade. Aqui não importa o quão trivial uma tarefa seja, sempre vai ter um jeito de torná-la mais simples. Por exemplo, aqui no supermercado vende uma ferramenta cujo único propósito é tirar a parte do meio da maçã. Para aqueles mais preguiçosos ainda, existe uma variante que também corta a maçã em “gomos”. Oras, o simples conceito de fast-food, uma das maiores marcas da cultura norte americana, é o de simplificar ao extremo a tarefa de se alimentar.

Ufa! Depois de uns parágrafos um pouco densos, passemos para assuntos mais lúdicos. Como o tempo, essa semana esfriou bem rápido. Já na 2a feira foi preciso sair de calça e casaco. Ontem no jogo de futebol americano tava um belo dum frio. É o outono que vem chegando. Jájá as ruas vão ficar cheias de folhas secas, o que é uma visão bem bonita e, na minha opinião, a que combina mais com o ambiente de universidades americanas. Pena que esse friozinho gostoso dure muito pouco tempo. Algo que contribui muito para o frio é o vento. Venta muito nessa região dos EUA. Não é nem um pouco raro passar uma daquelas rajadas de vento com força suficiente para atrapalhar ou ajudar o caminhar. Só depois de presenciar esse tipo de vento que fica claro por que a IAAF só homologa recordes quando o vento local está abaixo de uma certa velocidade.

Ontem teve o jogo contra a Ohio State, e como era esperado, fomos atropelados. Ohio State é uma das melhores dos EUA em termos de futebol universitário. Isso em um país em que o esporte universitário é levado a sério quer dizer bastante (existem pessoas que só acompanham a liga universitária, e não a profissional). Apesar da desigualdade foi um jogo interessante.
Essa semana começam as minhas midterms, provas do meio do semestre. Tenho tres essa semana, e mais uma daqui a 2 semanas. Não vou negar que sinceramente, não estou preocupado. Não que eu não leve a sério as matérias, muito pelo contrário, e nem que eu as esteja menosprezando. Só acho que, depois de 3 anos e meio de POLI a gente desenvolve uma certa casca dura quando o assunto é provas. Mesmo antes da POLI, de uma certa maneira posso dizer que sempre gostei de prova. As vejo como um modo de se testar, como um desafio. E, competitivo do jeito que sou, adoro um desafio.

Outro evento importante de ontem foi que batemos o martelo na viagem do thanksgiving. Iremos eu, caio, bruno (politécnicos), albert e pablo(espanhóis) para Boston e Washington DC. Apesar de ter ido pra Washington há pouco tempo, estou bem animado. Adorei a cidade que, obviamente, está repleta de pontos turísticos para aqueles que se interessam pela história americana. Passagens compradas, albergues reservados. Agora só falta chegar o fim de novembro.

Engraçado como tenho a impressão que estar aqui me fez seguir um pouco mais de perto alguns acontecimentos do brasil. A página inicial da UOL, principalmente a parte de esportes, está incluída na minha rotina virtual. Para os que se interessam, vale a pena acompanhar o mundial de vólei que está acontecendo nesse mês. Tá acontecendo de tudo, regulamento no mínimo estranho, a FIVB alterando o chaveamento de última hora para fazer com que a Itália tenha o caminho livre pras finais, e várias marmeladas, do Brasil inclusive. Ontem entregaram o jogo contra a Bulgária para pegar uma chave mais fácil.

Como prometido, criei uma conta no picasa. As fotos podem ser vistas em http://picasaweb.google.com/flaviorafmello não são muitas ainda, preciso baixar mais fotos da máquina e tirar umas fotos do meu apartamento. Mas aos poucos vou enchendo o álbum.

Como estou postando no domingo de eleições, sinto-me na obrigação de citá-las. Mas como não tenho a menor paciência para discussões políticas, e esse assunto não está, de maneira alguma, contido no escopo desse blog, vou me limitar a apenas citar que sua ocorrência. Até para ver se isso me ajuda a lembrar que quando voltar para o brasil vou ter que justificar a minha ausência.
Esse post ficou um pouco longo, e saiu um tanto quanto atrasado. Das próximas vezes pretendo fazer mais posts menores, assim consigo atualizar mais vezes o blog.

Thursday, September 16, 2010

Içar Velas

E dizendo isso embarco numa nova aventura, tanto no mundo real quanto no virtual.

Começemos pelo começo: o nome. Ainda não estou muito contente com o nome deste blog. No entanto acho que ele cumpre o seu papel de maneira satisfatória, uma vez que define muitas coisas sobre o conteúdo do blog. Vamos lá, "Bytes e Burgers". Byte é uma unidade elementar de informação nos computadores no caso usada para definir o ator principal do Blog. Eu, Flavio Mello, estudante de Engenharia de Computação e completamente viciado em qualquer tipo de jogo eletrônico. Definido o ator, agora resta definir o seu contexto. Eis que entra a outra palavra de destaque, Burgers, referência (um pouco manjada, admito) à cultura americana. Sendo assim o propósito desde blog é criar um relato de minha estada em Urbana-Champaign, Illinois. Até a fonte foi escolhida, dentre uma minúscula lista de opções, para refletir a identidade deste bloggeiro iniciante. É comumente usada para escrever códigos.

Pronto agora que temos o ator, o palco, e o propósito, vamos abrir as cortinas.

Cheguei aqui há mais ou menos 1 mes, e agora já me sinto instalado aqui em meu apartamento, bem próximo do campus. Vou a pé paras as aulas que ficam quase todas no mesmo prédio, demoro 10 minutos pra chegar lá, bem ao estilo dos tempos de Santa Cruz. O tempo ainda está bem agradável, quente durante o dia e esfriando um pouco quando cai a noite. A cidade universitária é extremamente agradável de se passear.

Quanto as aulas, não vou comentar muito pois os seus conteúdos não são de muito interesse do público geral. Mas posso dizer que, de um modo geral, estou as achando bem interessantes e que, anárquico do jeito que sou acho um saco ter que fazer lição de casa. Mas fazer o que? Vem no pacote.

Sexta teve uma Brazillian Independence Day party aqui, organizada pelos brasileiros do local. Foi num bar aqui por perto. Fui com os outros politécnicos prestigiar e escutar um pouco de "música" brasileira. Aspas apenas no música, pois apesar de o DJ ser gringo, tudo o que tocou é de origem tupiniquim. Só a qualidade que é duvidosa. Mas tudo bem, pois estando no estado de espírito certo, dá pra se divertir sim escutando essas tralhas.

Sábado passado teve jogo de futebol americano da faculdade, como comprei os ingressos para a temporada inteira, lógico que eu estava lá. E tudo que eu vou falar é que é impressionante. Outro patamar se comparado com o brasil. O estádio da faculdade é maior que muito estádio de clube de futebol no brasil. Gostei bastante da energia do público durante o jogo. E, como não podia deixar de ser, escutar o hino americano antes do jogo me fez pensar por que algo parecido não é feito no Brasil. Aqui em toda competição esportiva, desde pequenos o hino nacional é tocado antes do jogo. Se no Brasil algo minimamente parecido fosse feito, não passaríamos pelo papelão de ver o técnico da seleção tendo que ensinar o hino para os atletas.

Essa semana teve reunião de um grupo de estudantes que eu entrei. Basicamente é um monte de moleque que se junta pra discutir sobre desenvolvimento de jogos e por a mão na massa. Nessa semana alguns alunos falaram das suas idéias e tentaram chamar pessoas para participarem dos seus grupos. Tiveram algumas idéias que me interessaram, vamos ver no que dá. Quem sabe esse não seja o primeiro passo para eu me tornar o próximo Shigeru Myamoto, sonhar não faz mal a ninguém.

Por enquanto ainda sem fotos. Pretendo, num futuro próximo, criar uma conta no picasa para ir colocando as fotos.