Sunday, October 3, 2010

Sobre os ombros de gigantes

Mais duas semanas se passam. Já estou aqui há um mês e meio. É estranho pensar que tanto tempo já se passou. As primeiras provas já estão chegando, indicando que já tou perto da metade do meu primeiro semestre. Apesar de ficar um pouco surpreso, considero esta não percepção do tempouma coisa boa. Para mim não significa que estou deixando de aproveitar, e sim que estou tratando com naturalidade a minha estada aqui. Obviamente o fato de a língua não ser um empecilho me permite ultrapassar a primeira barreira cultural, e observar as camadas mais primordiais da cultura.
Por exemplo, ao longo desse mês de aula pude perceber uma certa tendência no método de ensino daqui. Não tenho certeza se é particularidade do meu curso, ou sé a norma geral do sistema. Sinto que as aulas daqui vão um pouco de mais para o lado técnico. Não é que a parte teórica não seja vista, a questão é na maneira como ela é vista. Sinto que alguns pontos são dados de maneira quase que mística. Quase como: Eis aqui a fórmula mágica que os gurus dessa área criaram, aprenda a usá-la. Não acho que devemos reinvetar a roda, muito pelo contrário. Citando Isaac Newton “Se eu pude ver mais longe, é porque me apoio sobre os ombros de gigantes”. No entanto eu tenho plena convição de que é preciso entender e dominar todo o processo do conhecimento do passado para saber para onde ir no futuro.
Acredito que, apesar de o meu curso ter sim grande influência técnica, isto seja o padrão de ensino daqui. Do modo que eu vejo isso reflete um dos pontos centrais da cultura norte-americana: a praticidade. Aqui não importa o quão trivial uma tarefa seja, sempre vai ter um jeito de torná-la mais simples. Por exemplo, aqui no supermercado vende uma ferramenta cujo único propósito é tirar a parte do meio da maçã. Para aqueles mais preguiçosos ainda, existe uma variante que também corta a maçã em “gomos”. Oras, o simples conceito de fast-food, uma das maiores marcas da cultura norte americana, é o de simplificar ao extremo a tarefa de se alimentar.

Ufa! Depois de uns parágrafos um pouco densos, passemos para assuntos mais lúdicos. Como o tempo, essa semana esfriou bem rápido. Já na 2a feira foi preciso sair de calça e casaco. Ontem no jogo de futebol americano tava um belo dum frio. É o outono que vem chegando. Jájá as ruas vão ficar cheias de folhas secas, o que é uma visão bem bonita e, na minha opinião, a que combina mais com o ambiente de universidades americanas. Pena que esse friozinho gostoso dure muito pouco tempo. Algo que contribui muito para o frio é o vento. Venta muito nessa região dos EUA. Não é nem um pouco raro passar uma daquelas rajadas de vento com força suficiente para atrapalhar ou ajudar o caminhar. Só depois de presenciar esse tipo de vento que fica claro por que a IAAF só homologa recordes quando o vento local está abaixo de uma certa velocidade.

Ontem teve o jogo contra a Ohio State, e como era esperado, fomos atropelados. Ohio State é uma das melhores dos EUA em termos de futebol universitário. Isso em um país em que o esporte universitário é levado a sério quer dizer bastante (existem pessoas que só acompanham a liga universitária, e não a profissional). Apesar da desigualdade foi um jogo interessante.
Essa semana começam as minhas midterms, provas do meio do semestre. Tenho tres essa semana, e mais uma daqui a 2 semanas. Não vou negar que sinceramente, não estou preocupado. Não que eu não leve a sério as matérias, muito pelo contrário, e nem que eu as esteja menosprezando. Só acho que, depois de 3 anos e meio de POLI a gente desenvolve uma certa casca dura quando o assunto é provas. Mesmo antes da POLI, de uma certa maneira posso dizer que sempre gostei de prova. As vejo como um modo de se testar, como um desafio. E, competitivo do jeito que sou, adoro um desafio.

Outro evento importante de ontem foi que batemos o martelo na viagem do thanksgiving. Iremos eu, caio, bruno (politécnicos), albert e pablo(espanhóis) para Boston e Washington DC. Apesar de ter ido pra Washington há pouco tempo, estou bem animado. Adorei a cidade que, obviamente, está repleta de pontos turísticos para aqueles que se interessam pela história americana. Passagens compradas, albergues reservados. Agora só falta chegar o fim de novembro.

Engraçado como tenho a impressão que estar aqui me fez seguir um pouco mais de perto alguns acontecimentos do brasil. A página inicial da UOL, principalmente a parte de esportes, está incluída na minha rotina virtual. Para os que se interessam, vale a pena acompanhar o mundial de vólei que está acontecendo nesse mês. Tá acontecendo de tudo, regulamento no mínimo estranho, a FIVB alterando o chaveamento de última hora para fazer com que a Itália tenha o caminho livre pras finais, e várias marmeladas, do Brasil inclusive. Ontem entregaram o jogo contra a Bulgária para pegar uma chave mais fácil.

Como prometido, criei uma conta no picasa. As fotos podem ser vistas em http://picasaweb.google.com/flaviorafmello não são muitas ainda, preciso baixar mais fotos da máquina e tirar umas fotos do meu apartamento. Mas aos poucos vou enchendo o álbum.

Como estou postando no domingo de eleições, sinto-me na obrigação de citá-las. Mas como não tenho a menor paciência para discussões políticas, e esse assunto não está, de maneira alguma, contido no escopo desse blog, vou me limitar a apenas citar que sua ocorrência. Até para ver se isso me ajuda a lembrar que quando voltar para o brasil vou ter que justificar a minha ausência.
Esse post ficou um pouco longo, e saiu um tanto quanto atrasado. Das próximas vezes pretendo fazer mais posts menores, assim consigo atualizar mais vezes o blog.

5 comments:

  1. Acho que você está se esquecendo do fato de que, apesar de serem os americanos que criam essas bugigangas, eu não tenho a menor dúvida de que se esses produtos fossem exportados (a um preço acessível) para o brasil com certeza teriam muita demanda!

    poha flavio, pára de sair com seus amigos politécnicos nerds e vai pro bar! hahah zueraaaa! mero desabafo de quem passa todas as noites da semana, mês e ano fazendo PGE.

    quem sabe quando esse tormento de PGE acabar eu vou ter tempo para acompanhar de novo os esportes brasileiros!

    bjos.

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  2. Nossa flavinho...adorei a diversidade do seu post, muitos assuntos meu!!
    Preciso dizer que tenho uma certa inveja das provas...mas sei que você também está sofrendo com trabalhos em grupo nesse momento. Miii!
    E o Gos? Quando você vai visitar eles?
    Querido, cuide-se!
    bjos bjos

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  3. Muito bom, desmistificando que politécnico não sabe escrever... Tenho a mesma opinião sobre o domínio das teorias. Até porque mesmo o Newton já errou, é necessário ter uma postura crítica e rever as teorias de tempos em tempos.

    Sobre as amenidades só digo que vc se deu bem e eu me ferrei de novo... fui mesário. Tiririca teve mais do que o dobro do segundo colocado para deputado... acho que o povo que é palhaço da história.

    Abraço
    Marcelo

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  4. é bom saber que alguém também passa muito tempo visitando a página de esportes do uol. mas é ainda melhor ver o quão diferentes são os países em que estamos - acho que eu preciso de um sopro da praticidade americana!

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  5. Oi Flavinho, adorei ler seu texto, realmente, o Marcelo tem razão ao citar o mito q poltecnico não sabe escrever, você derruba de goleada.Deve ser demais vivenciar este clima universitario e concordo totalmente com você os americanos não se preocupam em saber porque e sim em saber como, isto faz com que sejam extremamente tecnicos e um pouco burros. Muito legal esta sua percepção. Bjos,Sdades. Yara

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